Seria
tão bom, como já foi,
as
comadres se visitarem nos domingos.
Os
compadres fiquem na sala, cordiosos,
pitando
e rapando a goela. Os meninos,
farejando
e mijando com os cachorros.
Houve
esta vida ou inventei?
Eu
gosto de metafísica, só pra depois
pegar
meu bastidor e bordar ponto de cruz,
falar
as falas certas: a de Lurdes casou,
a
das Dores se forma, a vaca fez, aconteceu,
as
santas missões vêm aí, vigiai e orai
que
a vida é breve.
Agora
que o destino do mundo pende do meu palpite,
quero
um casal de compadres, molécula de sanidade,
pra
eu sobreviver.
Adélia Prado, em Bagagem
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