a
Luiz Hilst
O
poema se desfaz. Bem sei.
E
aos poucos morre.
Se
o gênio do poeta conseguisse
a
palavra com sabor de eternidade.
Dizer
da amiga que se foi
e
abria os olhos noturnos sem vontade.
Dizer
do amante alguma coisa a mais
além
da espera.
Dizer
da mãe, ó amadíssima,
tudo
o que a boca não diz
e
que se perde.
Tão
sós estão os homens e a palavra.
Por
que não haverá um outro mundo
sem
ruído nem boca,
mudo,
esplendidamente mudo?
Hilda Hilst, em Baladas
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