Ora,
os fantasmas são viajantes noturnos. Se aboletam nos carros vazios e
ficam (por que será que os fantasmas não fumam?) a olhar o mundo
que desliza...
Mas
sucede que as máquinas estavam manobrando apenas. E voltam todas
para a gare deserta.
E
depois vem a luz crescente, a luz cruel, situando e ambientando as
coisas.
É
quando surgem, cabalísticos, os primeiros letreiros:
— HOTEL
SAVOIA — Ao PENTE DE OURO — SAÚDE DA MULHER — os fantasmas,
puídos de claridade, soltam um pífio suspiro e se desvanecem…
Mário Quintana, em Sapato florido
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