Folha
enrugada,
poeira
nos livros.
A
pena se arrasta
no
esforço inútil
de
libertação.
Nenhuma
vontade,
nem
mesmo desejo
na
tarde cinzenta.
A
árvore seca
esperando
seiva
não
tem paisagem.
Na
frente é o deserto
coberto
de pedras.
Nem
sombra de oásis.
Pobre
árvore seca
na
tarde cinzenta!
Se
houvesse um castelo
com
torres e dama
de
loiros cabelos,
talvez
eu fizesse
algum
madrigal.
Mas
a dama morreu,
os
castelos se foram
na
tarde cinzenta!
O
caminho se alonga
por
entre montanhas,
por
campos e vales.
Talvez
me conduza
ao
roteiro perdido
no
fundo do mar.
Mas
estou tão cansado
na
tarde cinzenta!
Não
sou lobo da estepe;
amo
a todos os homens
e
suporto as mulheres.
Contudo
não posso
falar
com os lábios,
amar
com o sexo,
porque
sinto a tortura
da
tarde cinzenta!
Só
me restam os livros.
Vou
ficar com eles
esperando
que chegue
do
fundo da noite,
das
sombras do tempo,
oh!
imenso mar,
vem
me libertar
da
tarde cinzenta!
José Paulo Paes, em Poesia completa
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