Ah,
já está tudo lido.
Mesmo
o que falta ler!
Sonho,
e ao meu ouvido
Que
música vem ter?
Se
escuto, nenhuma.
Se
não ouço ao luar
Uma
voz que é bruma
Entra
em meu sonhar.
E
esta é a voz que canta
Se
não sei ouvir…
Tudo
em mim se encanta
E
esquece sentir.
O
que a voz canta
Para
sempre agora
Na
alma me fica
Se
a alma me ignora.
Sinto,
quero, sei-me
Só
há ter perdido –
E
o eco onde sonhei-me
Esquece
do meu ouvido.
Fernando Pessoa, em Poesias inéditas e poemas dramáticos
Nenhum comentário:
Postar um comentário