quinta-feira, 31 de outubro de 2024

AS RÃS | Drama em nove atos


Ato VII

No telão do fundo do palco, a imagem muda constantemente. Ora uma rua movimentada, ora uma feira lotada, ora um parque onde uns praticam tai chi, outros passeiam com gaiolas de passarinho, outros tocam erhu… a alternância de imagens indica os lugares por onde ela passa na fuga.

Com o bebê no colo, Chen Sobrancelha corre enquanto fala frases desconexas sobre a criança.

CHEN S. Meu querido bebê… Finalmente a mamãe te achou… A mamãe não vai te largar nunca mais…

Leoazinha, Girino e outros estão atrás dela.

LEOAZINHA Jinwa… meu filho…

No palco, às vezes Sobrancelha corre sozinha, enquanto olha para trás, gritando, de vez em quando, para as pessoas na rua: “Ajudem-me, ajudem meu filho”.

Às vezes a fugitiva e os perseguidores aparecem ao mesmo tempo. Sobrancelha pede socorro aos transeuntes: “Ajudem-nos!”. Leoazinha grita para as pessoas na frente: “Parem ela! Parem essa ladra que roubou meu filho! Parem essa maluca…”.

Chen Sobrancelha cai no chão, levanta-se, cai de novo e levanta-se novamente.

Desde que a cortina se abre até o momento em que se fecha, o som rápido e agudo de um violino da Ópera de Pequim se mistura ao choro da criança.

Cortina.

Mo Yan, em As rãs

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