A esposa – ela amava tanto o marido! – fazia-lhe diariamente um mingau de fubá, alimento forte para manter as forças. Assim foi por toda a vida, numa fidelidade comovente, sem falhar um dia sequer: toda manhã lá estava diante do marido o prato de mingau de fubá que ele comia até o fim. Até que o inesperado aconteceu. Já bem velha, ficou doente, não conseguia se levantar da cama. O que seria do seu pobre marido sem o mingau de fubá? Desolada, chamou-o para explicar que, infelizmente, naquele dia, ela não poderia fazer o mingau de fubá. O rosto dele se abriu num vasto sorriso. “Não se preocupe, meu bem. Pra dizer a verdade, eu nem gosto mesmo de mingau de fubá...”
Rubem Alves, em Do universo à jabuticaba
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