Um
dia vi Deus numa palavra
e
luminosa despontava, argila.
E
Deus vagueava tudo, aquietava
as
numinosas letras, quase em fila.
E
depois se banhava nesta ilha
de
bosques e bilênios. Clareava
as
formigas noctâmbulas da fala.
E
nele os meus sentidos se nutriam.
Os
meus sentidos eram coelhos ébrios
na
verdura de Deus entretecidos.
A
palavra empurrava o que era cego,
a
palavra luzia nos sentidos.
E
Deus nas vistas do menino, roda
e
roda nos olhos da palavra.
Carlos Nejar, em A Idade da Aurora
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