Os
meninos cariocas e paulistas
de
alta prosopopeia
nunca
tinham comido rapadura.
Provam
com repugnância
o
naco oferecido pelo mineiro.
Pedem
mais.
Mais.
Ao
acabar, há um pequeno tumulto.
Daí
por diante todos encomendam
rapadura.
Fazem-se
negócios em torno de rapadura.
Há
furtos de rapadura.
Conflitos
por causa de rapadura.
Até
que o garoto de Botafogo parte um dente
da
cristalina coleção que Deus lhe deu
e
a rapadura é proscrita
como
abominável invenção de mineiros.
Carlos Drummond de Andrade, em Boitempo – Esquecer para lembrar
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