E
assim continuamos morando no povoado e ocupando a mesma casa, agora
entregue ao meu irmão mais velho. Naquele ano saí da escola e
passei a ser a dona da casa.
Além
de fazer as camas e lavar os pratos, tive que aprender a cozinhar e a
lavar roupa.
De
tarde continuava contando filmes.
Quando
estava quase fazendo catorze anos, a mesma idade da minha mãe ao ter
seu primeiro filho, me fiz amante do senhor administrador. Mas
durante o tempo entre a morte de meu pai e a chegada dos meus catorze
anos, ocorreu uma série de acontecimentos na minha vida, um rosário
de circunstâncias nefastas que foram me levando irremediavelmente
para os braços do gringo.
Um
gringo velho e avermelhado, de “assinatrados” olhos azuis, que
fazia tempo andava “arrastando a asa para o meu lado”, como dizia
meu pai sobre os homens que ele achava que andavam atrás de mamãe.
Isso
de “assinatrados olhos azuis”, vocês sabem, é por causa de
Frank Sinatra, outro de meus atores favoritos.
Hernán Rivera Letelier, em A Contadora de Filmes
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