Todos
me avaliam, mensuram, somam
os
atributos e os glóbulos.
A
cabeça e justamente os olhos.
A
lucidez me dói
como
um revés
de
não ser nada disso,
de
não levar o chapéu nos comícios,
o
chapéu do argumento nítido
que
cabe na frase ou na testa.
Medem-me,
terreno
a
ser comprado e arado
e
se o for, o endereço
não
será o do amor.
Somaram-me
na
regra do sabre
ou
na coronha
dos
princípios nobres.
Não
valho o que me pagam.
Não
valho nada. Sou álamo
na
praça, asno de encomenda
e
para que sirvo
senão
ser álamo e asno,
montado,
desmontado
pelos
deuses que fardo?
Não
valho. E não aceito
o
que me pagam
Carlos Nejar, em Ordenações
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