Há
diversas polêmicas sobre o famoso grande incêndio de Roma, ocorrido
em 64 d.C. O fogaréu devastou dois terços da cidade, destruiu
prédios importantes e ainda tem origem controversa. A mais
consistente atribui o sinistro a um acidente, provavelmente causado
pelo hábito que alguns romanos tinham de acender lareiras para o
aquecimento das casas e a preparação de refeições.
Outra
versão atribui a Nero o início do incêndio. Nessa pegada, o
imperador teria provocado o incêndio para construir, nas áreas
devastadas pelo fogo, um complexo palaciano que tinha sido vetado
pelo Senado. Nero ainda teria aproveitado para atribuir a culpa pelo
fogaréu aos cristãos, ordenando inclemente perseguição aos
devotos de Cristo.
No
imaginário popular, sobrou para Nero mesmo, que ainda levou a fama
de ter ficado tocando lira enquanto a cidade ardia.
Aqui
no Brasil, a controvérsia sobre quem tacou fogo em Roma permanece. O
espírito de Nero, que baixava no subúrbio carioca para promover
curas, negava ter provocado o incêndio. No samba “Nega Luzia”
(Wilson Batista e Jorge de Castro), a sentença é definitiva. Em
síntese, a letra da música conta a história de Luzia, presa ao
querer botar fogo no morro. Os moradores, entretanto, fazem uma
vaquinha para pagar a fiança da nega e livrá-la da cana. A coitada,
afinal, não teve culpa no cartório. O vilão da história é outro:
“O silêncio foi quebrado/ por um grito de socorro/ a nega recebeu
um Nero/ e queria botar fogo no morro.” E estamos conversados.
Luiz Antonio Simas, em Crônicas exusíacas e estilhaços pelintras
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