quarta-feira, 24 de julho de 2024

Leitura dinâmica

Essa tão badalada novidade da leitura dinâmica é muito, muito antiga…
Quem a inventou foi o vento, o único que a sabe praticar de verdade. Inveterado leitor de tabuletas, ele não salta uma só que seja, não perde nenhuma delas. Lê e passa, que o seu destino é passar, mas guarda uma lembrança vertiginosa de todas, das vermelhas, das de azul mais forte, das verdes em todos os tons, sem esquecer, ó Van Gogh, as tabuletas amarelas…
Porque a maior dor do vento é não ser colorido.
Sabes? Perpassa no vento a alma dos pintores mortos, procurando captar, levar (para onde?) as cores deste mundo.
Que este mundo pode ser que não preste, mas é tão bom de olhar!

Mário Quintana, em Porta giratória

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