Essa
tão badalada novidade da leitura dinâmica é muito, muito antiga…
Quem
a inventou foi o vento, o único que a sabe praticar de verdade.
Inveterado leitor de tabuletas, ele não salta uma só que seja, não
perde nenhuma delas. Lê e passa, que o seu destino é passar, mas
guarda uma lembrança vertiginosa de todas, das vermelhas, das de
azul mais forte, das verdes em todos os tons, sem esquecer, ó Van
Gogh, as tabuletas amarelas…
Porque
a maior dor do vento é não ser colorido.
Sabes?
Perpassa no vento a alma dos pintores mortos, procurando captar,
levar (para onde?) as cores deste mundo.
Que
este mundo pode ser que não preste, mas é tão bom de olhar!
Mário Quintana, em Porta giratória
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