A
primeira tarefa do professor é acordar a inteligência, provocá-la
para que ela pense. É preciso que os alunos – não importa que
sejam crianças ou velhos – desenvolvam o fascínio pelos caminhos
desconhecidos, a coragem para construir pontes sobre abismos, a
paciência para desatar nós, a habilidade de resolver problemas, a
ousadia de fabricar asas, a imaginação de preparar poções
curativas. Que aprendam o domínio e a alegria das ferramentas: dos
serrotes e martelos até as línguas e a ciência. Por meio delas, o
mundo pode ser transformado e os homens podem ser mais felizes.
Os
saberes são navios; não se constroem sem saberes e ciência. Mas os
navios não são fins em si mesmos. Navios existem por causa das
viagens. Antes que o navio fosse pensado e construído, houve o sonho
de uma terra a que se chegar. O sonho de cruzar os mares precede a
ciência de construir navios. A ciência existe por causa do sonho.
Rubem Alves, em Do universo à jabuticaba
Nenhum comentário:
Postar um comentário