sexta-feira, 26 de julho de 2024

A educação, a felicidade e o sonho

A primeira tarefa do professor é acordar a inteligência, provocá-la para que ela pense. É preciso que os alunos – não importa que sejam crianças ou velhos – desenvolvam o fascínio pelos caminhos desconhecidos, a coragem para construir pontes sobre abismos, a paciência para desatar nós, a habilidade de resolver problemas, a ousadia de fabricar asas, a imaginação de preparar poções curativas. Que aprendam o domínio e a alegria das ferramentas: dos serrotes e martelos até as línguas e a ciência. Por meio delas, o mundo pode ser transformado e os homens podem ser mais felizes.
Os saberes são navios; não se constroem sem saberes e ciência. Mas os navios não são fins em si mesmos. Navios existem por causa das viagens. Antes que o navio fosse pensado e construído, houve o sonho de uma terra a que se chegar. O sonho de cruzar os mares precede a ciência de construir navios. A ciência existe por causa do sonho.

Rubem Alves, em Do universo à jabuticaba

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