uma
coisa de fato miraculosa acaba de acontecer:
minha
garrafa de cerveja girou e caiu
e
aterrissou com a parte do fundo no chão,
e
eu a coloquei de volta na mesa para baixar a espuma,
mas
as fotos não estavam lá essas coisas hoje
e
havia uma pequena fenda no couro
do
meu sapato esquerdo, mas é tudo muito simples:
não
podemos adquirir muita coisa: há leis
que
desconhecemos de todo, todo tipo de cutucão
para
nos queimar ou congelar; o que faz com que
o
melro se encaixe na boca do gato
não
nos cabe dizer, ou por que certos homens
terminam
enjaulados como esquilos de estimação
enquanto
outros se espremem contra peitos enormes
ao
longo de infindáveis noites – esta é a
missão
e o terror, e não nos é dito
por
quê. ainda assim, que sorte a garrafa
ter
aterrissado direito, e embora
eu
tivesse uma de vinho e uma de uísque,
isto
prediz, de algum modo, uma noite boa,
e
talvez amanhã meu nariz esteja mais comprido:
novos
sapatos, menos chuva, mais poemas.
Charles Bukowski, em Sobre bêbados e bebidas
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