Às
vezes, nas grandes cidades, descobrem-se esquinas de aldeias, com um
botequim honesto e sem pressa, com fregueses fixos que não
necessitam fazer o costumeiro pedido.
Entrei.
Tudo conferia, tanto que fui à porta espiar o céu para ver se a lua
não seria também uma lua de aldeia: não havia céu, não havia lua
— como acontece em todas estas babilônias.
Essa
espécie de choques cronológicos — que eu, num poema desconhecido,
denominei esconderijos do tempo — são como se a roupa nova da
cidade estivesse aqui e ali remendada com trapos velhos.
Reentrei.
Pedi algo bem forte — uma dessas metralhas que mergulham a gente em
plena intemporalidade. A coisa se chamava “O Bafo da Onça”...
Deu certo.
Mário Quintana, em Caderno H
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