Não
é só no homicídio que o problema consiste em ocultar ou sonegar o
cadáver; sempre nos vemos em igual contingência diante da morte
natural.
Vivo
a sonhar o dia em que os necrológios comecem assim:
“Evaporou-se
o Sr. desembargador Dioclécio Fagundes.”
Ou
então:
“Volatilizou-se,
na madrugada de hoje, a gentil senhorita Celeste Pereira Pinto.”
Sim,
porque um dia se hão de inventar umas pílulas por assim dizer
eterizantes, que nos tornarão de súbito inteiramente solúveis no
ar…
Mário Quintana, in Caderno H
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