A
luz, o sol, o ar livre
envolvem
o sonho do engenheiro.
O
engenheiro sonha coisas claras:
superfícies,
tênis, um copo de água.
O
lápis, o esquadro, o papel;
o
desenho, o projeto, o número:
o
engenheiro pensa o mundo justo,
mundo
que nenhum véu encobre.
(Em
certas tardes nós subíamos
ao
edifício. A cidade diária,
como
um jornal que todos liam,
ganhava
um pulmão de cimento e vidro).
A
água, o vento, a claridade,
de
um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam
na natureza o edifício
crescendo
de suas forças simples.
João Cabral de Melo Neto, in Antologia Poética
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