Em
densas noites
com
medo de tudo:
de
um anjo que é cego
de
um anjo que é mudo.
Raízes
de árvores
enlaçam-me
os sonhos
no
ar sem aves
vagando
tristonhos.
Eu
penso o poema
da
face sonhada,
metade
de flor
metade
apagada.
O
poema inquieta
o
papel e a sala.
Ante
a face sonhada
o
vazio se cala.
Ó
face sonhada
de
um silêncio de lua,
na
noite da lâmpada
pressinto
a tua.
Ó
nascidas manhãs
que
uma fada vai rindo,
sou
o vulto longínquo
de
um homem dormindo.
João Cabral de Melo Neto, in Pedra do Sono
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