Can’t
Buy Me Love
Compositores:
Paul McCartney e John Lennon
Artista:
The Beatles
Gravação:
Pathé Marconi, Paris; e Abbey Road Studios, Londres
Lançamento:
Single, 1964 | A Hard Day’s Night, 1964
Can’t
buy me love, love
Can’t
buy me love
I’ll
buy you a diamond ring, my friend
If
it makes you feel alright
I’ll
get you anything, my friend
If
it makes you feel alright
’Cause
I don’t care too much for money
Money
can’t buy me love
I’ll
give you all I’ve got to give
If
you say you love me too
I
may not have a lot to give
But
what I’ve got I’ll give to you
I
don’t care too much for money
Money
can’t buy me love
Can’t
buy me love
Everybody
tells me so
Can’t
buy me love
No,
no, no, no
Say
you don’t need no diamond rings
And
I’ll be satisfied
Tell
me that you want the kind of things
That
money just can’t buy
I
don’t care too much for money
Money
can’t buy me love
Can’t
buy me love
Everybody
tells me so
Can’t
buy me love
No,
no, no, no
Say
you don’t need no diamond rings
And
I’ll be satisfied
Tell
me that you want the kind of things
That
money just can’t buy
I
don’t care too much for money
Money
can’t buy me love
Can’t
buy me love, love
Can’t
buy me love
Desde
muito cedo começamos a pensar em nós como Lennon e McCartney.
Tínhamos ouvido falar em parcerias famosas, como Gilbert e Sullivan,
Rodgers e Hammerstein. Lennon e McCartney? Soava bem. Trabalhávamos
em dupla e podíamos nos enquadrar nesse padrão. Colocávamos nossos
nomes lado a lado em nossos cadernos escolares. “Love Me Do”
surgiu por volta dessa época, assim como “One After 909”. Foi
bem no comecinho, talvez em 1957. Há uns dez ou quinze anos,
encontrei aquele caderno. Coloquei na minha estante. Agora já o
extraviei. Não sei onde está. Talvez ainda apareça em algum lugar.
É o primeiro manuscrito de Lennon e McCartney.
Seja
lá como for, a gente sempre fazia isto quando comprava os discos:
além de conferir o título da canção, conferia os nomes entre
parênteses. Leiber e Stoller, Goffin e King. Eram nomes mágicos
para nós – todos esses, em especial os americanos –, talvez nem
tanto Rodgers e Hammerstein, pois eram de uma geração anterior.
Essa era a nossa época, e esses eram os compositores de nossa época.
Quando fomos morar em Londres, John e eu começamos a conhecer
compositores profissionais – gente como Mitch Murray e Peter
Callander. Eles eram ligados ao escritório de nossa editora musical
e todas as canções deles se tornavam sucessos – era algo natural
para eles. Mitch escreveu canções como “How Do You Do It?”, que
gravamos por sugestão de George Martin e quase se tornou o single de
estreia dos Beatles. Então, John e eu olhávamos para esse pessoal e
dizíamos: “Certo, podemos fazer isso. E se compusermos hits, vamos
ganhar dinheiro. Talvez não nos compre amor, mas vai nos comprar um
carro”.
Não
era só pelo dinheiro. Era o prazer de tirar uma canção da cartola
e conseguir tocá-la com nossa banda, que precisava de canções.
Então meio que estávamos alimentando a máquina. Perguntamos à
nossa gravadora: “Quantas vocês querem, chefia?”. Os caras da
Capitol Records, Voyle Gilmore e Alan Livingston, vieram falar
conosco. Dois cavalheiros bem californianos, em trajes feitos sob
medida. Avisaram: “Bem, queremos quatro singles e um álbum por
ano”. Consideramos aquilo bem viável.
Nisso,
Brian Epstein, o nosso empresário de fala mansa e afável, nos liga
e diz em seu sotaque calmo e perfeito de classe alta, sem vestígio
algum de ter sido criado em Liverpool: “Vocês têm a próxima
semana de folga para compor o próximo álbum”. E respondemos:
“Beleza”. Fazíamos uma canção por dia. A gente se encontrava
na minha casa ou na casa de John. Dois violões, dois bloquinhos,
dois lápis. O restante do material era composto na estrada – aqui,
ali e em todos os lugares –, mas para fazer um álbum você
realmente alocava uma semana ou mais e só administrava.
Era
sempre uma boa ideia estar no meio do processo porque nos fazia
pensar: “E se escrevêssemos algo que soasse assim?” ou “Melhor
escrever uma que soe assado”. Reconhecíamos uma lacuna que
precisava ser preenchida e era justamente isso que nos inspirava,
mais do que qualquer outra coisa. E o fato de estarmos lançando
discos que faziam sucesso ajudava bastante. Era como se fôssemos
atletas. Se está ganhando as corridas, pode falar: “Sim, acho que
vou participar dessa também”.
Esta
canção foi escrita ao piano, no Hotel George V, em Paris. Poucos
anos antes, John e eu fomos a Paris pegando caronas e passeamos nos
cafés. Esta foi uma visita bem diferente. O hotel ficava perto da
Champs-Élysées, e tínhamos suítes espaçosas o suficiente para
ter um piano. Estávamos na cidade para fazer umas três semanas de
shows no Olympia. Naquela época, os shows eram bem curtinhos, mas
fazíamos duas apresentações diárias. Hoje, quando eu faço shows,
tocamos cerca de quarenta canções em três horas. Naquela época,
provavelmente eram menos de dez, em torno de meia hora, se você
inserisse um pouco de bate-papo com o público. O set list incluía
canções como “From Me to You”, “She Loves You”, “This
Boy” e “I Want to Hold Your Hand”. As outras eram covers, como
“Roll Over Beethoven”, “Twist and Shout” e, para terminar,
“Long Tall Sally”. Nossos dias em Hamburgo, quando tocávamos a
noite inteira, todas as noites, serviram como um ótimo treinamento
para temporadas como essa.
E
como se quarenta e poucos shows não fossem suficientes, Brian também
organizava todos esses outros compromissos, como sessões de
composição e gravação. Nesse período em Paris, acabamos
regravando “I Want to Hold Your Hand” e “She Loves You” em
alemão: “Komm, gib mir deine Hand” e “Sie liebt dich”. A
banda? Die Beatles. O nosso produtor, George Martin, veio gravar no
estúdio Pathé Marconi, e ao mesmo tempo gravamos os canais básicos
para “Can’t Buy Me Love”.
É
um blues de doze compassos, com um toque dos Beatles no refrão, em
que introduzimos uns acordes menores. Em geral, os acordes menores
são usados na estrofe de uma canção, e os acordes maiores elevam e
iluminam o clima no refrão. Aqui fizemos o contrário. A ideia é
que todos esses bens materiais são muito bons, mas o dinheiro não
compra o que você realmente precisa. Tem uma ironia aqui. Um pouco
antes de Paris, estávamos na Flórida, onde o dinheiro talvez não
comprasse amor, mas certamente comprava muita coisa. Acho que a
premissa continua valendo. O dinheiro não compra uma família feliz
nem amigos em quem você possa confiar. Mais tarde naquele ano, Ella
Fitzgerald também gravou a canção, o que foi uma verdadeira honra.
O
single fez muito sucesso, chegou ao número um no Reino Unido e nos
Estados Unidos ao mesmo tempo. E então, curiosamente, foi desbancado
do primeiro lugar no Reino Unido por “A World Without Love”,
canção que escrevi para o irmão de Jane Asher, Peter. Ele e um
amigo assinaram contrato com a EMI, e a canção foi lançada como a
estreia da dupla Peter & Gordon. Tenho certeza de que também
alcançou o primeiro lugar nos Estados Unidos. Escrevi essa canção
quando eu tinha dezesseis anos em minha casa em Liverpool. Não achei
que era forte o bastante para os Beatles, mas foi ótima para a
carreira de Peter & Gordon. A canção começa com o verso
“Please lock me away”, e quando eu a tocava era como se
estivesse pedindo para me trancafiarem. Então John respondia, “Sim,
ok”, e brincávamos que esse era o fim da canção.
Provavelmente
muita gente por aí associa “Can’t Buy Me Love” ao filme
A Hard Day’s Night (Os reis do iê-iê-iê). Ela toca numa
cena em que enfim conseguimos sair do estúdio e nos divertir um
pouco, numa espécie de video- clipe. Na realidade, a canção foi
escrita especialmente para a trilha sonora do filme. O detalhado
roteiro de Alun Owen resumia as nossas falas em breves tiradas, e
assim não precisamos decorar muito. Mas, por isso, o filme é meio
que responsável por imprimir em cada um de nós uma persona pública:
John era o inteligente e mordaz; George, o calado; Ringo, o
engraçado. Fui escolhido como o bonitinho. Era estranho ser reduzido
a um par de características simplificadas aos olhos do mundo, e acho
que muita gente até hoje ainda pensa em nós com base nos diálogos
escritos para esse filme. Esse ponto de vista pode ser muito
limitante, mas aprendemos a ignorá-lo.
Um
detalhe importante não mudou: o tamanho do meu casaco. Em 1964, na
estreia de A Hard Day’s Night, em Londres, usei um casaco de
smoking com detalhes em veludo. Em 2016, na estreia do filme sobre a
turnê dos Beatles, Eight Days a Week, também em Londres (e
talvez pelo fato de, àquela altura, eu ser vegetariano há quarenta
anos), vesti o mesmo casaco.
Paul McCartney: As Letras (1956 até o presente)
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