A
carioca Marisa Monte (1967) e o baiano Carlinhos Brown surgiram –
junto com Cássia Eller, Ed Motta e Adriana Calcanhotto – como as
melhores novidades da MPB nos anos 1990. Originais, talentosos,
independentes e muito diferentes entre si, os dois se tornaram
parceiros com a belíssima “Segue o seco”, gravada por Marisa em
1994, um grande sucesso de público e de crítica.
Desde
o início triunfal de sua carreira, aos 20 anos, com o megassucesso
“Bem que se quis” (versão de Nelson Motta de “E pò che fà”,
do italiano Pino Daniele) e a extraordinária regravação de
“Comida”, dos Titãs, Marisa se aproximou de Arnaldo Antunes, que
foi seu primeiro parceiro quando ela começou sua carreira de autora
em seu segundo disco, com a canção “Beija eu” (1990) e seguiu
como seu principal parceiro, ao lado de Brown, até hoje.
O
paulistano Arnaldo Antunes surgiu como compositor e frontman
dos Titãs nos anos 1980 e dez anos depois era considerado o melhor
letrista de sua geração. Com o início de sua carreira solo em
1992, começou a compor com vários parceiros, e uma das mais
frequentes e de mais sucesso foi Marisa Monte, pela perfeita
sincronia que encontravam entre letra e música.
Em
2002, juntando suas diferentes origens, formações e estilos, a
carioca, o paulista e o baiano criaram os Tribalistas e produziram o
maior sucesso do ano no Brasil e um dos discos brasileiros de maior
sucesso na França, na Itália, em Portugal, na Espanha e na
Argentina em 2003, mesmo sem fazerem nenhuma apresentação pública
ou entrevista do grupo.
O
extraordinário sentido rítmico e popular de Brown se uniu à
musicalidade de Marisa, desenvolvida no jazz, no samba e na música
clássica, e à inteligência poética clássica e vanguardista de
Arnaldo para criar a melhor síntese da MPB do terceiro milênio com
os Tribalistas.
Entre
grandes sucessos do disco, como “Já sei namorar”, “Carnavália”,
“Um a um”, “O amor é feio”, o maior foi “Velha infância”.
Além dos três Tribalistas, foram coautores os guitarristas Davi
Moraes (filho de Moraes Moreira) e Pedro Baby (filho de Pepeu Gomes),
numa síntese de quatro décadas de música brasileira e como
expressão do espírito de brincadeira entre amigos que inspirou o
disco.
“E
a gente canta / E a gente dança / E a gente não se cansa / De ser
criança / A gente brinca / Na nossa velha infância.”
Nelson Motta, in 101 canções que tocaram o Brasil
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