São
meus todos os versos já cantados;
A
flor, a rua, as músicas da infância,
O
líquido momento e os azulados
Horizontes
perdidos na distância.
Intacto
me revejo nos mil lados
De
um só poema. Nas lâminas da estância,
Circulam
as memórias e a substância
De
palavras, de gestos isolados.
São
meus também, os líricos sapatos
De
Rimbaud, e no fundo dos meus atos
Canta
a doçura triste de Bandeira.
Drummond
me empresta sempre o seu bigode,
Com
Neruda, meu pobre verso explode
E
as borboletas dançam na algibeira.
José Paulo Paes, in De ontem para hoje
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