A
servente da escola mora no Campestre,
longe,
sai de casa sem café.
Desce
a ladeira, vai parando,
assuntando
o que se passa na Rua de Santana
e
em toda parte.
Última
estação: aqui em casa.
Toma
café reforçado, conta
o
que há ou não há ou pode haver
sob
as telhas escuras da cidade.
Conta
naturalmente, sem malícia,
jornal
falado das nove horas.
E
ao serviço, antes que toque
a
sineta irrevogável de Mestre Emílio.
Ficamos
sabendo de tudo de todos.
Ficarão
sabendo tudo de nós,
amanhã,
de manhã,
na
Rua de Santana e em qualquer parte?
Carlos Drummond de Andrade, in Boitempo – Esquecer para lembrar
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