Ai,
Custódia! sonhei, não sei se o diga:
Sonhei,
que entre meus braços vos gozava.
Oh
se verdade fosse, o que sonhava!
Mas
não permite Amor, que eu tal consiga.
O
que anda no cuidado, e dá fadiga,
Entre
sonhos Amor representava
No
teatro da noite, que apartava
A
alma dos sentidos, doce liga.
Acordei
eu, e feito sentinela
De
toda a cama, pus-me uma peçonha,
Vendo-me
só sem vós, e em tal mazela.
E
disse, porque o caso me envergonha,
Trabalho
tem, quem ama, e se desvela,
E
muito mais quem dorme, e em falso sonha.
Gregório de Matos, in Antologia Poética
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