domingo, 4 de junho de 2023

Cena carioca – VI

Aberta a temporada de surf. Quando sua porta for arrancada pelas águas, suba nela e vá em frente.
As mentiras das otoridades disparam junto com o índice pluviométrico. Tremenda falta de vergonha na cara.
Chuva é flecha em São Sebastião.
Equipe de Collor contratará Carioquinha e Hortência para arremessar de três pontos os pobres na cesta básica.
À exceção dos assassinos na cobertura de milhões de dólares, somos todos ianomâmis. Não teremos tempo de ver o champã sendo aberto nas comemorações oficiais pela chegada da hiperinflação. índio seqüestrado não vale o esforço. Açúcar no pão dos trouxas? Nem pensar. O bispo talvez chegue a tempo de ministrar a extrema-unção.
O Panamá é aqui. As Ilhas Seicheles, shei lá.
Em todo caso, prosseguem as investigações. Investigação sempre engrossa no couro de quem é pobre. Novos dados: a menina alcançada, no balanço, pela bala perdida, tentou tomar La tablada. É líbia de nascimento e foi identificada por testemunhas idôneas como sendo o elemento pardo, forte, de boné, que matou Mariel. Só não foi acusada de torturadora porque, como até o Ministro do Exército sabe, não houve tortura no Brasil.
A polícia concluiu que Mengele, para desespero do Comando Aeroterrestre do Carnaval Zoológico, saiu durante muitos anos de baiana na Imperatriz Leopoldinense, lavava roupa pra fora e era conhecido como Dona Iaiá de Omulu.
Esses nazistas…

Aldir Blanc, in Brasil passado a sujo

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