sábado, 25 de fevereiro de 2023

Mitologias

O Olimpo andava muito chato e Zeus murmurou:
Tá faltando mulher no pedaço.
Resolveu criar a secretária gostosa. Pandora. Cada um dos deuses contribuiu pra vaquinha de atributos. O dom da persuasão foi presente de Hermes. Afrodite brindou-a com a beleza. Apoio dotou-a para a música. João Araújo arrumou um contrato na Som Livre e Marta Rocha cedeu-lhe as famosas polegadas a mais nos quadris. Pandora foi dada a Epimeteu. Um dia, Epimeteu chegou de porre do Lamas. Pandora, tentando descolar algum pro cabeleireiro, vasculhou o bolso da bermuda do cara e encontrou um lenço manchado de baton, ingressos pro circo Orlando Orfei e uma caixa. Desconfiada de que Epimeteu estivesse metendo o epi na xavasca alheia, Pandora abriu a tal caixa. Deve ser camisinha, pensou. Acontece que a caixa continha os males, os crimes, as pragas e os votos que reelegeram Antonio Carlos Magalhães. Essas merdas escaparam da caixa e se espalharam pelo mundo. Só a Esperança ficou no fundo da caixa. Louca de raiva, Pandora berrou:
Não banca a sonsa pra cima de moá, piranha.
E enfiou os tamancos nos cornos da pobrezinha até matar. Daí vieram as expressões “matou a pau” e “a Esperança é a última que morre”. Epimeteu passou a viver de bar em bar, sempre resmungando: “Vivi séculos com aquela pilantra c não saquei a peste que era”. Por isso é que Epimeteu, em grego, significa mais ou menos “o que reflete demasiado tarde”, ou, no jargão carioca, “aquele babaca”.

Aldir Blanc, in Brasil passado a sujo

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