quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Não pode a morte me vencer

Não pode a morte me vencer.
Lutei e vivi. O corpo
Infatigável contra a alma,
Ao branco voo do dia.
Nas ruínas de Troia escrevi:
Tudo é morte ou amor”,
E desde então não tive
Descanso. Disse em Roma:
Não há deuses, só tempo”,
E desde então não tive
Redenção. Calei-me na Espanha
Pois a voz da ira desafiava
O esquecimento com meus tutanos,
meus humores, sangue; e
Desde então não cessou
O incêndio.
De repouso
Sirva terra estrangeira
Ao herói. Canta fresca erva
Como abelha do pó por suas
Pálpebras. Eu não me rendo:
Quero viver cada dia em
Guerra, como se fosse o último.

Meu coração luta contra o mar.

Jorge Gaitán Durán

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