É
suave, suave, a pantera.
Mas
se a quiserem tocar
sem
a devida cautela,
logo
a verão transformada
na
fera que há dentro dela:
o
dente de mais marfim
na
negrura toda alerta,
e
ser, de princípio ao fim,
a
pantera sem reservas,
o
fervor, a força lúdica,
da
unha longa e descoberta,
o
êxtase da sua fúria
sob
o melindre que a fera
em
repouso, se não a tocam,
como
que tem na singela
forma
que não se alvoroça
por
si só, antes parece,
na
mansa, mansa e lustrosa
pelúcia
com que se adorna,
uma
viva, intensa joia.
Marly de Oliveira, in A suave pantera
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