quinta-feira, 14 de julho de 2022

O limpador de chaminés

Eu era bem novo e minha mãe morria,
E meu pai vendeu-me quando eu mal
sabia Balbuciar, chorando limpa-dor
dor dor dor, Assim sujo e escuro sou
o limpador.

Aquele é Tom Dracre, que chorou na
vez Em que lhe rasparam a cabeça:
Vês – Consolei-o – Tom que é bom
não ter cabelo, Pois assim fuligem
não te suja o pêlo.

Assim se acalmou. E numa noite
escura Tom dormindo teve esta
visão futura, Que mil limpadores
Josés Chicos Joões Foram
confinados em negros caixões.

E então veio um Anjo com uma chave branca
E os tirou do escuro destravando a tranca.
E então entre risos ao campo saíram
E entraram num rio e ao Sol reluziram.

Sem sacos às costas, despida a
camisa Voaram nas nuvens,
brincaram na brisa; Disse o Anjo a
Tom que, se fosse bonzinho, Deus
feliz tomava-o como seu filhinho.

E Tom despertando foi na
escuridão Apanhar seu saco
mais seu esfregão, E saiu
alegre na manhã gelada.
Quem seu dever cumpre não receia nada.

William Blake, in Canções da Inocência & da Experiência

Nenhum comentário:

Postar um comentário