Eu
era bem novo e minha mãe morria,
E
meu pai vendeu-me quando eu mal
sabia
Balbuciar, chorando limpa-dor
dor
dor dor, Assim sujo e escuro sou
o
limpador.
Aquele
é Tom Dracre, que chorou na
vez
Em que lhe rasparam a cabeça:
Vês
– Consolei-o – Tom que é bom
não
ter cabelo, Pois assim fuligem
não
te suja o pêlo.
Assim
se acalmou. E numa noite
escura
Tom dormindo teve esta
visão
futura, Que mil limpadores
Josés
Chicos Joões Foram
confinados
em negros caixões.
E
então veio um Anjo com uma chave branca
E
os tirou do escuro destravando a tranca.
E
então entre risos ao campo saíram
E
entraram num rio e ao Sol reluziram.
Sem
sacos às costas, despida a
camisa
Voaram nas nuvens,
brincaram
na brisa; Disse o Anjo a
Tom
que, se fosse bonzinho, Deus
feliz
tomava-o como seu filhinho.
E
Tom despertando foi na
escuridão
Apanhar seu saco
mais
seu esfregão, E saiu
alegre
na manhã gelada.
Quem
seu dever cumpre não receia nada.
William Blake, in Canções da Inocência & da Experiência
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