O
sexo seguro tornou-se muito importante e nada é mais seguro do que o
sexo feito à distância, sem a necessidade de contato pessoal. Sexo
à distância pode ser praticado de várias formas e a literatura já
antecipa uma delas quando fala de homens que despem as mulheres com
os olhos. Isto não é tão fácil quanto parece, principalmente se a
mulher estiver usando um daqueles sutiãs presos atrás, o que obriga
o homem a segurar o vestido da mulher com os olhos enquanto recorre
aos dedos para desengatar o fecho. Outro perigo é o homem, depois de
despir a mulher com os olhos, começar a lacrimejar
descontroladamente, o que equivale à ejaculação precoce no sexo
convencional. A penetração visual também torna-se difícil sem o
uso de acessórios, que vão da simples luneta a sofisticados
Cateteres de Afrodite com controle remoto, que podem ser manipulados
inclusive de outro continente.
O
sexo por telepatia ganha adeptos e tem a vantagem de poder ser
praticado em qualquer ambiente, em qualquer hora, sem que as pessoas
saiam de onde estão. Estabelecido o contato telepático, digamos,
num restaurante, nada impede que se passe de uma conversa preliminar
para estabelecer o clima (“Vens sempre aqui?”, “Gostas do Paulo
Coelho?”) para o ato, sem outro preparativo. “Estou introduzindo
a minha mão sob a sua saia, sinto a sua coxa roliça e quente...
“Deve
haver algum engano. Eu não estou usando saia. Aliás, sou um general
reformado.”
“Epa!
Eu estava falando com a mulher de vermelho atrás do senhor. Dá para
transferir?”
O
sexo por telepatia também pode ser intercontinental. Homens dotados
de grande potência psicossexual, por exemplo, podem projetar sua
libido em ondas prospectivas ao redor do mundo como radioamadores e —
por que não?
— acertar,
por assim dizer, na mosca.
“Yes,
this is Sharon Stone. Who’s catting?”
“Sharon
Sto... Ahn... Sim... Olha! Here is Brazilian boy very como é que se
diz? Very, ahn, ai meu Deus... Sharon, não desliga!”
Luís Fernando Veríssimo, in Sexo na cabeça
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