Zefa,
chegou o inverno!
Formigas
de asas e tanajuras!
Chegou
o inverno!
Lama
e mais lama
chuva
e mais chuva, Zefa!
Vai
nascer tudo, Zefa,
Vai
haver verde,
verde
do bom,
verde
nos galhos,
verde
na terra,
verde
em ti, Zefa,
que
eu quero bem!
Formigas
de asas e tanajuras!
O
rio cheio,
barrigas
cheias,
mulheres
cheias, Zefa!
Águas
nas locas,
pitus
gostosos,
carás,
cabojes,
e
chuva e mais chuva!
Vai
nascer tudo:
milho,
feijão,
até
de novo
teu
coração, Zefa!
Formigas
de asas e tanajuras!
Chegou
o inverno!
Chuva
e mais chuva!
Vai
casar, tudo,
moça
e viúva!
Chegou
o inverno!
Covas
bem fundas
pra
enterrar cana;
cana
caiana e flor de Cuba!
Terra
tão mole
que
as enxadas
nela
se afundam
com
olho e tudo!
Leite
e mais leite
pra
requeijões!
Cargas
de imbu!
Em
junho o milho,
milho
e canjica
pra
São João!
E
tudo isto, Zefa...
E
mais gostoso
que
isso tudo:
noites
de frio,
lá
fora o escuro,
lá
fora a chuva,
trovão,
corisco,
terras
caídas,
corgos
gemendo,
os
caborés gemendo,
os
caborés piando, Zefa!
Os
cururus cantando, Zefa!
Dentro
da nossa
casa
de palha:
carne-de-sol
chia
nas brasas,
farinha
d'água,
café,
cigarro,
cachaça,
Zefa...
...rede
gemendo...
Tempo
gostoso!
Vai
nascer tudo!
Lá
fora a chuva,
chuva
e mais chuva,
trovão,
corisco,
terras
caídas,
e
vento e chuva,
chuva
e mais chuva!
Mas
tudo isso, Zefa,
vamos
dizer,
só
com os poderes
de
Jesus Cristo!
Jorge de Lima
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