Em 2016, Jan van Hooff fez sua última visita a Mama, uma velha matriarca chimpanzé, em seu leito de morte, no Zoológico Burgers. Mama abriu um enorme sorriso enquanto abraçava o professor, que ela conhecia havia quarenta anos. Ela morreu poucas semanas depois.
O adeus de uma matriarca chimpanzé
Um mês antes de Mama completar 59 anos,
e dois meses antes do octogésimo aniversário de Jan van Hooff,
esses dois hominídeos idosos tiveram um reencontro comovente. Mama,
emaciada e quase morta, estava entre os chimpanzés mais antigos dos
zoológicos do mundo. Jan, com seus cabelos brancos destacando-se
contra um capote de chuva vermelho-claro, é o professor de biologia
que orientou minha dissertação há muito tempo. Os dois se
conheciam havia mais de quarenta anos.
Enrodilhada em posição fetal em seu
ninho de palha, Mama nem sequer olha para cima quando Jan, que
entrara corajosamente na jaula noturna, se aproxima com alguns
grunhidos amigáveis. Quem trabalha com símios costuma imitar os
sons e gestos típicos deles: grunhidos suaves são tranquilizadores.
Quando Mama finalmente acorda de sua letargia, leva um segundo para
perceber o que está acontecendo. Mas então ela expressa imensa
alegria ao ver Jan de perto, em carne e osso. Seu rosto se transforma
num sorriso de êxtase, muito mais expansivo do que o típico de
nossa espécie. Os lábios dos chimpanzés são incrivelmente
flexíveis e podem virar do avesso, de modo que vemos não apenas os
dentes e as gengivas de Mama, mas também o lado interno dos lábios.
Metade do rosto de Mama é um enorme sorriso enquanto ela uiva,
emitindo um som suave e agudo reservado para momentos de emoção
intensa. Nesse caso, a emoção é claramente positiva, porque ela
estende as mãos para a cabeça de Jan enquanto ele se inclina. Ela
acaricia gentilmente seu cabelo, depois coloca um de seus longos
braços em torno do pescoço dele para puxá-lo para mais perto.
Durante esse abraço, seus dedos batem ritmicamente na parte de trás
da cabeça e do pescoço dele, num gesto reconfortante que os
chimpanzés também usam para acalmar um bebê que choraminga.
Isso era típico de Mama: ela deve ter
percebido a apreensão de Jan ao invadir seu domínio e estava
dizendo para ele não se preocupar. Estava feliz em vê-lo.
Reconhecendo a nós mesmos
O encontro foi absolutamente excepcional.
Embora, no decorrer de suas vidas, Jan e Mama tivessem tido
incontáveis sessões de catação através das grades, nenhum ser
humano em sã consciência entraria numa jaula com um chimpanzé
adulto. Os chimpanzés não parecem grandes para nós, mas sua força
muscular excede em muito a nossa, e abundam relatos de ataques
horríveis. Até o maior lutador profissional humano ficaria aquém
da força de um chimpanzé adulto. Quando lhe perguntei se teria
feito o mesmo com qualquer outro chimpanzé no zoológico, alguns dos
quais ele conhecia há quase tanto tempo quanto, Jan disse que era
muito apegado à vida para pensar nisso. Os chimpanzés são tão
volúveis que os únicos seres humanos que estão seguros em sua
presença são aqueles que os criaram, algo que não se aplicava a
Jan e Mama. Mas, com ela tão fraca, a equação mudava. Além disso,
ela havia manifestado sentimentos positivos em relação a Jan tantas
vezes no passado que ambos passaram a confiar um no outro. Isso dera
coragem a Jan para seu primeiro e último encontro direto com a velha
rainha da colônia no Zoológico Burgers, em Arnhem, Holanda.
Ao longo dos anos, desfrutei de um
relacionamento semelhante com Mama. Eu lhe dei esse nome justamente
por causa de sua posição matriarcal. Mas, como agora vivo do outro
lado do Atlântico, não pude participar da despedida. Alguns meses
antes, eu estivera com Mama pela última vez. Ao ver meu rosto a uma
grande distância entre o público, ela se apressou para me saudar,
apesar do andar doloroso provocado pela artrite. Mama se aproximou do
fosso de água que nos separava soltando guinchos e grunhidos,
enquanto esticava a mão, convidativa. Os chimpanzés vivem numa ilha
arborizada — o maior ambiente desse tipo em qualquer zoológico —
onde eu os observara por cerca de 10 mil horas quando era um jovem
pesquisador. Mama sabia que, no final do dia, quando os símios
estivessem recolhidos, eu iria até sua jaula noturna para uma
conversa de perto.
Equipes de filmagem exploraram muitas
vezes a previsibilidade de nossas saudações. Antes da minha
chegada, elas ficavam de prontidão com as câmeras ligadas. Toda a
colônia não suspeitava do que estava por vir, e alguém apontava
para
Mama a fim de ter certeza de que as
câmeras manteriam o foco sobre ela. Invariavelmente ela estava
sentada, à vontade, catando-se ou dormindo, e de repente me notava
ou ouvia minha voz quando eu a chamava, saltava e corria para a
frente com grunhidos altos e ofegantes. A equipe filmava tudo, junto
com minhas reações e as de outros chimpanzés, alguns dos quais
também se lembravam de mim. E as pessoas sempre ficavam
impressionadas com a memória e o entusiasmo de Mama.
Devo dizer que tenho sentimentos
contraditórios a respeito desses procedimentos de filmagem. Antes de
mais nada, eles desmerecem um reencontro genuíno entre velhos
amigos. Em segundo lugar, não consigo ver o que é tão
impressionante nisso. Quem conhece os chimpanzés percebe que eles
têm um excelente reconhecimento facial e memória duradoura; então,
o que há de tão especial em saber que Mama está contente em me
ver? É porque não esperamos isso de um animal exótico? Ou será
porque indica um vínculo entre membros de diferentes espécies de
primatas? Seria como se eu visitasse meus vizinhos depois de um ano
no exterior e toda uma equipe de câmeras me seguisse para ver o que
aconteceria. Depois que eu tocasse a campainha, a porta se abriria
aos gritos de “Olhem quem chegou!”.
Quem ficaria espantado?
O fato de ficarmos impressionados porque
Mama se lembra de mim é um sinal do pouco crédito que a humanidade
dá às capacidades emocional e mental dos animais. Os estudiosos da
inteligência animal em espécies de cérebros grandes estão
acostumados a ouvir um monte de comentários céticos de outros
cientistas, especialmente daqueles que trabalham com animais de
cérebros menores, como ratos e pombos. Esses pesquisadores costumam
ver os animais como máquinas de estímulo-resposta impulsionadas
pelo instinto e pelo aprendizado simples, e não suportam toda essa
conversa sobre pensamentos, sentimentos e memórias prolongadas. O
fato de suas concepções estarem desatualizadas é o tema do meu
último livro: Are We Smart Enough to Know How Smart Animals Are?
[Somos inteligentes o bastante para saber como os animais são
inteligentes?].
O encontro de Jan com Mama foi gravado
num telefone celular. Quando foi exibido na televisão nacional
holandesa, com locução na voz trêmula do próprio Jan (pelas
emoções do momento), os espectadores de um programa popular de
entrevistas ficaram extremamente comovidos. Eles postaram longos
comentários no site da rede ou escreveram diretamente para Jan,
declarando que haviam irrompido em lágrimas diante dos aparelhos de
tv. Ficaram arrasados, em parte pelo triste contexto — porque a
morte de Mama já fora anunciada —, mas também pela maneira muito
humana com que ela abraçara Jan enquanto tamborilava os dedos em seu
pescoço. Essa última cena foi um choque para muitas pessoas, que
reconheceram seu próprio comportamento. Pela primeira vez, elas
perceberam que um gesto que parece essencialmente humano é, na
verdade, um padrão geral dos primatas. Muitas vezes, é nas pequenas
coisas que vemos melhor as conexões evolutivas. A propósito, essas
conexões se aplicam a 90% das expressões humanas, desde a maneira
como alguns pelos do nosso corpo ficam eriçados quando nos
assustamos (arrepios) até o modo como homens e chimpanzés machos
dão tapas nas costas uns dos outros de forma enérgica. Podemos ver
esse contato vigoroso todas as primaveras, quando os chimpanzés
emergem de seus abrigos depois de um longo inverno. Finalmente
aproveitando a relva e o sol, eles ficam em pequenos grupos, gritam,
se abraçam e batem nas costas uns dos outros.
Em outras ocasiões, reagimos às nossas
óbvias ligações evolutivas com os símios com escárnio (os
visitantes do zoológico costumam imitar a maneira como eles
acreditam que os macacos se coçam) ou chacota. Adoramos rir de
nossos companheiros primatas. Durante minhas palestras, com
frequência mostro vídeos de macacos e grandes primatas em ação, e
meu público morre de rir de quase tudo, até do comportamento
perfeitamente normal. A risada é um sinal de reconhecimento, mas
também de inquietação com a proximidade desconfortável. Um dos
meus vídeos curtos mais populares, visualizado milhões de vezes na
internet, mostra uma fêmea de macaco-prego chateada porque a comida
que recebe para realizar certa tarefa é menos atraente que a comida
de seu companheiro. Ela sacode a câmara de teste e bate no chão, de
tal modo agitada que não temos problemas em reconhecer sua
frustração com a injustiça percebida.
Pior que a hilaridade é o nojo com que
se costumava reagir ante outros primatas. Felizmente isso se tornou
raro, embora as pessoas ainda chamem os primatas de “feios” e
fiquem chocadas quando digo que um macho é “bonito” ou uma fêmea
é “bonita”. Antigamente, os ocidentais nunca viam símios vivos,
apenas seus ossos e peles, ou então gravuras deles, nossos parentes
mais próximos. Quando os primeiros grandes símios foram exibidos,
ninguém podia acreditar no que via. Em 1835, um chimpanzé macho
chegou ao Zoológico de Londres e foi apresentado vestindo um traje
de marinheiro. Veio em seguida uma fêmea de orangotango, que
enfiaram num vestido. A rainha Vitória foi à exposição e ficou
horrorizada. Ela não suportou a visão dos símios, dizendo que eles
eram dolorosa e desagradavelmente humanos. O nojo diante dos símios
era de fato generalizado, mas como isso podia acontecer, a menos que
eles estivessem nos dizendo algo sobre nós mesmos que não queríamos
ouvir? Quando visitou os grandes primatas no Zoológico de Londres, o
jovem Charles Darwin compartilhou da conclusão da rainha, mas não
de sua repulsa. Ele achou que quem estivesse convencido da
superioridade humana deveria dar uma olhada naquilo.
Provavelmente todas essas variadas
reações foram desencadeadas quando Jan explicou na televisão que
Mama era muito especial e por que a visitara no leito de morte. Ele
mesmo, no entanto, não via nada de chocante, engraçado ou
surpreendente no encontro. Simplesmente sentira necessidade de se
despedir dela. Também não era um caso assimétrico, como quando as
pessoas encontram um urso, elefante ou baleia, se aproximam e dizem
que se sentem como o animal. Os seres humanos em tais situações
experimentam uma conexão irresistível e ficam profundamente
comovidos, mas é duvidoso que esses sentimentos sejam mútuos. Os
encontros são quase como um “pacto de suicídio”, porque põem
os seres humanos em risco, e poucas vezes se pode culpar os animais
por algum resultado fatal.
Um jornalista estava tão encantado com
um chimpanzé macho num santuário que, quando encarou o macaco,
questionou sua própria identidade: sentiu-se olhando diretamente
para seu passado evolutivo perdido. Em seu desejo de mostrar
respeito, no entanto, acabou sendo condescendente. Os símios
subsistentes não são apenas máquinas do tempo para nos mostrar
nossas próprias origens evolutivas! Embora seja verdade que
descendemos de um ancestral simiesco, a espécie antiga que nos deu
origem não existe mais. Ela habitou a Terra há cerca de 6 milhões
de anos, seus descendentes passaram por inúmeras mudanças e
morreram um a um antes de dar origem aos sobreviventes de hoje: o
chimpanzé, o bonobo e nossa própria espécie.
Como esses três hominídeos têm
histórias igualmente longas, eles são igualmente “evoluídos”.
Então, olhar para um símio revela uma história compartilhada não
apenas por nós, mas também pelo símio que nos olha. Se os símios
são máquinas do tempo para nós, então somos a mesma coisa para
eles.
Com Jan e Mama, no entanto, nenhuma
dessas considerações entrou em jogo. O fato de pertencerem a
diferentes espécies era secundário. No caso deles, tratava-se de um
encontro entre dois membros de espécies relacionadas que se
conheciam há muito tempo e se respeitavam como indivíduos. Podemos
nos sentir mentalmente superiores quando acariciamos um coelho ou
passeamos com um cachorro, mas quando se trata de símios, acho que é
impossível manter essa atitude. A vida socioemocional deles se
parece a tal ponto com a nossa que não está claro onde traçar a
linha divisória.
Donald Hebb, o neurocientista canadense
conhecido como o pai da neuropsicologia, observou esse limite
impreciso quando estudou os chimpanzés no Centro Nacional Yerkes de
Pesquisas sobre Primatas (agora nos arredores de Atlanta, mas na
década de 1940 localizava-se na Flórida). Ele concluiu que o
comportamento dos chimpanzés não cabia nas pequenas caixas de
definição em que colocamos outros comportamentos animais, como
alimentação, higiene, acasalamento, luta, vocalização, gestos e
assim por diante. Gostamos de anotar cada pequena coisa que os símios
fazem, mas o que está por trás de seu comportamento é difícil de
identificar. De acordo com Hebb, seria muito melhor se
classificássemos o comportamento dos símios no nível emocional, o
qual compreendemos intuitivamente: “A classificação objetiva
deixou escapar algo que as categorias mal definidas de emoção e
similares evitaram — alguma ordem ou relação entre atos isolados
que é essencial para a compreensão do comportamento”.
Hebb aludia à concepção predominante
na biologia de que as emoções orquestram o comportamento. Tomadas
em si mesmas, as emoções são bastante inúteis: simplesmente ter
medo não faz nenhum bem ao organismo. Mas, se um estado de medo
força o organismo a fugir, se esconder ou contra-atacar, ele pode
salvar sua vida. Em suma, as emoções evoluíram graças à sua
capacidade de induzir reações adaptativas ao perigo, à competição,
a oportunidades de acasalamento e assim por diante. As emoções
propiciam a ação. Nossa espécie compartilha muitas emoções com
os outros primatas porque contamos com aproximadamente o mesmo
repertório comportamental. Essa semelhança, expressa por corpos com
desenho similar, nos dá uma profunda conexão não verbal com outros
primatas. Nossos corpos mapeiam tão perfeitamente os deles, e
vice-versa, que o entendimento mútuo vem logo em seguida. É por
isso que Jan e Mama se reconheceram como iguais, e não como homem e
animal.
Pode-se contrapor que “iguais” não é
o termo certo para um ser humano livre comparado a um símio cativo.
Esse é um comentário justo. Mas Mama, nascida em 1957 no Zoológico
de Leipzig, na Alemanha, não tinha ideia do que seria a vida na
natureza. Em se tratando de zoológicos, ela teve a imensa sorte de
se juntar à primeira grande colônia de chimpanzés do mundo. Nas
décadas decorridas desde que os primeiros espécimes vivos
perturbaram a rainha britânica, os zoológicos enjaularam a espécie,
sozinhos ou em pequenos grupos. Os chimpanzés eram considerados
violentos demais para viver em grupos com mais de um macho adulto,
embora as comunidades naturais contem com muitos machos adultos, às
vezes mais de uma dúzia. Quando estudante, Jan passara um tempo numa
instalação norte-americana no Novo México onde a Nasa preparava
chimpanzés jovens para serem enviados ao espaço. Lá ele viu em
primeira mão as possibilidades e os problemas de abrigar muitos
símios juntos. Os problemas surgiam da maneira como eles eram
alimentados: os cuidadores despejavam todas as frutas e legumes numa
única pilha, o que levava a grandes brigas que destruíam o tecido
social. Por volta da mesma época, Jane Goodall aprendeu lição
semelhante em seu acampamento na Tanzânia, o que a levou a abandonar
o fornecimento de bananas a símios selvagens.
Inspirado pela experiência americana,
Jan e seu irmão, Antoon, que era diretor do Zoológico Burgers,
decidiram colocar todos os chimpanzés num mesmo espaço, mas
alimentá-los separadamente ou em pequenas unidades familiares. O
resultado foi o estabelecimento, no início dos anos 1970, de uma
ilha ao ar livre de oitocentos metros quadrados com cerca de 25
chimpanzés, conhecida como colônia de Arnhem. Apesar das terríveis
advertências dos especialistas de que aquilo nunca funcionaria, a
colônia prosperou e com o tempo produziu filhotes mais saudáveis do
que qualquer outra. Os símios nas florestas da África e da Ásia
estão atualmente em declínio acentuado, tornando as populações
dos zoológicos ainda mais valiosas. A colônia de Arnhem foi (e
ainda é) um enorme sucesso e se tornou um modelo para zoológicos no
resto do mundo.
Assim, embora estivesse em cativeiro,
Mama desfrutou de uma longa vida em seu próprio universo social,
rico em nascimentos, mortes, sexo, dramas de poder, amizades, laços
familiares e todos os outros aspectos da sociedade primata. Ela
talvez tenha percebido que a visita especial de Jan estava
relacionada ao seu estado de saúde, mas não está claro se tinha
alguma ideia de seu próprio fim iminente. Os símios sabem algo
sobre mortalidade? A julgar por Reo, um chimpanzé do Instituto de
Pesquisas sobre Primatas da Universidade de Kyoto, no Japão, deve-se
suspeitar que os chimpanzés não têm essa consciência. No auge de
sua vida, Reo ficou paralisado do pescoço para baixo em consequência
de uma inflamação na coluna. Ele era capaz de comer e beber, mas
não conseguia mexer o corpo. Perdeu peso continuamente enquanto
veterinários e estudantes cuidavam dele o tempo todo durante seis
meses. Reo se recuperou, porém a parte mais interessante é como
reagiu ao fato de estar acamado. Sua atitude perante a vida não
mudou nem um pouco. Mesmo quando sua condição parecia grave para
todos ao seu redor, ele provocava jovens estudantes cuspindo água
neles, como fazia antes da doença. Estava magro como um palito, mas
parecia despreocupado e nunca ficava deprimido.
Às vezes, supomos que outros animais têm
um senso de mortalidade, como uma vaca a caminho do matadouro ou um
animal de estimação que desaparece dias antes de sua morte.
Contudo, grande parte disso é projeção humana, baseada no que nós
percebemos que está por chegar. Mas os animais percebem isso também?
Quem diz que uma gata escondida no porão durante seus últimos dias
sabe que seu fim está próximo? Debilitada ou com dor, ela pode
simplesmente querer ficar sozinha. Da mesma forma, enquanto era óbvio
para nós que Mama estava fisicamente às portas da morte, nunca
saberemos se mentalmente ela também vivia o declínio.
Mama estava isolada em sua jaula nessa
época porque os chimpanzés machos, especialmente os adolescentes,
muitas vezes agem como idiotas ao espancar alvos fáceis. O zoológico
queria proteger Mama naquela situação. A sociedade dos chimpanzés
não é para os mansos e fracos, e precisamente por isso a posição
que Mama ocupou durante toda a sua vida foi tão impressionante.
Frans de Waal, in O último abraço da matriarca
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