sábado, 20 de novembro de 2021

Saltimbanco

Imagem: Kurios, do Cirque Du Soleil

Eu, poeta maldito,
mal visto e apontado
nos guetos, nos becos, nas ruas,
de versos tão crus
sinalizando ideais.

Eu, um ator caricato,
que mal represento,
mas encarno tão bem
o bandido que sou.

E encaro uma tela
para pintar o real
pontilho, gotejo, rabisco
e mascaro o usual.

Eu, Hipócrates e hipócrita,
louco e santo,
receito meizinhas
sabendo que a cura
está no final.

Eu, tocador e violeiro,
menestrel das agruras,
em trilhas e veredas
dos nossos brasis.

Sei que nada é (e)terno,
no entanto persisto:
Me faço de ferro,
sabendo ser pau.

Elilson José Batista

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