As formigas passeiam na parede,
perto de um vidro de cola que perdeu a
rolha. Há mais:
um maço de jornais, uma bilha e seu
gargalo fálico,
um copo de plástico laranjado e um
quiabo seco,
guardado ali por causa das sementes.
Tudo sobre uma cômoda, num quarto.
O vidro de cola está arrolhado com uma
bucha de papel.
É sábado, é tarde, é túrgida minha
bexiga feminina
e por isso vai ser menos belo que eu me
levante e a esvazie.
Os analistas dirão, segundo Freud:
‘complexo de castração’.
Eu não digo nada, pela primeira vez,
humildemente.
Vou me deitar para dormir, não antes sem
rezar,
pelos meus e os teus.
Adélia Prado
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