Este argumento costuma aparecer quando alguém faz uma generalização sobre um determinado grupo e depois é desafiado com evidências que o desmentem. Em vez de reavaliar sua posição ou contestar a evidência, a pessoa foge do desafio redefinindo arbitrariamente o critério para se pertencer àquele grupo.
Por exemplo, alguém alega que programadores são criaturas antissociais. Se outra pessoa repudiar essa afirmação dizendo “mas o John é programador e extrovertido, sem dificuldade alguma de se relacionar socialmente”, isso pode provocar a seguinte resposta: “Sim, mas o John não é um programador de verdade.” Aqui, não está claro o que ele considera um verdadeiro programador; a categoria não é precisamente definida como, por exemplo, as de pessoas de olhos azuis. A ambiguidade permite que a mente teimosa redefina as coisas a seu bel prazer.
Essa falácia foi descrita pela primeira vez em 1975 por Antony Flew em seu livro Thinking about Thinking (Pensando sobre pensar), em que ele nos dá o seguinte exemplo: Hamish está lendo o jornal e se depara com uma notícia sobre um inglês que cometeu um crime hediondo, à qual reage dizendo: “Nenhum escocês cometeria algo tão terrível”. No dia seguinte, ele lê outra notícia em que um escocês é autor de um crime ainda pior. Em vez de mudar sua opinião sobre os escoceses, Hamish afirma: “Nenhum escocês de verdade faria tal coisa” (Flew).
Ali Almossawi, in O livro ilustrado dos maus argumentos
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