Foi
assim que meu pai me disse uma vez:
‘Você
anda feito cavalo velho, procurando grota’.
As
cigarras atrelavam as patas nos troncos
e
zuniam com decisão os seus chiados.
As
árvores cantavam no quintal,
refolhadas
de novíssimo verde.
Arregacei
as narinas e fui pastar
com
minha cabeça minúscula.
O
que mais quente e amarelo pode ser,
era
o sol, um dia de pura luz.
Mugi
entre as vacas, antediluviana,
sei
de moitas, água que achei e bebi.
Na
volta sacudi pescoço e rabo.
Só
dois sinais restaram:
um
mundo guloso de cheirar os verdes;
um
modo de pisar, só casco e pedras.
Adélia Prado
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