sábado, 27 de março de 2021

Equívoco

 


A falácia do equívoco (também chamada de equivocação) explora a ambiguidade da linguagem, alterando o sentido de uma mesma palavra durante o argumento e usando esses significados diferentes para sustentar uma conclusão infundada. (Quando se emprega o mesmo sentido para uma palavra em todo o argumento, ela está sendo usada de modo unívoco ou inequívoco.) Considere o seguinte argumento: “Como você pode dizer que não tem fé, quando age com fé o tempo todo? Fecha negócios, confia em amigos e até fica noivo?” Aqui, o significado da palavra “fé” parte da crença espiritual num criador e depois muda para uma questão de confiança em outras pessoas.
Essa falácia é muito utilizada em discussões sobre ciência e religião, onde o termo “por que” pode ser adotado em sentidos diferentes. Num contexto, é a busca de causas – motivadora da ciência – e no outro, é a busca de um propósito, de um sentido maior – mais relacionada à moralidade e a questões pessoais em que a ciência pode não ter respostas. Veja este exemplo: “A ciência não pode nos dizer por que as coisas são como são. Por que existimos? Por que temos moral? Portanto, nós precisamos de outra fonte, como a religião, para nos dizer por que as coisas acontecem.”

Ali Almossawi, in O livro ilustrado dos maus argumentos

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