Havia em Meca um homem cuja atividade era
promover encontros entre homens e mulheres e levar-lhes bebida. Foi
denunciado ao delegado da cidade, que o expulsou para o monte Arafat.
Então ele construiu sua casa naquele monte e enviou a seguinte
mensagem para seus amigos:
— O que os impede de continuar fazendo
o que fazíamos antes?
Eles responderam:
— Como ir até você, se está no monte
Arafat?
Ele respondeu:
— Basta alugar um asno por uma moeda de
prata e vocês chegarão aqui em segurança e passearão.
Eles assim agiram: passaram a servir-se
de asnos para ir até lá, e tanta gente foi que a juventude de Meca
começou a se corromper. Então, os pais tornaram a se queixar ao
governador da cidade, que mandou recolher o homem. Diante do
governador, ele disse:
— Todos mentem contra mim, que Deus
melhore o comandante!
Disseram:
— Para provar o que dizemos, basta
reunir os asnos de Meca e levá-los acompanhados de fiscais até o
monte Arafat; lá, basta soltá-los e todos os asnos se dirigirão à
casa dele, conforme se tornou o seu hábito quando são montados
pelos desavergonhados! Isso provará que não estamos mentindo.
O governador disse:
— Eis aí uma prova e um testemunho
justos.
E ordenou que os asnos de aluguel da
cidade fossem reunidos e soltos no monte Arafat. Todos foram
diretamente para a casa do homem, sem que ninguém os conduzisse. Os
fiscais avisaram o governador do fato, e ele disse:
— Não é preciso mais nada. Dispam-no
para ser chicoteado!
Quando viu o carrasco, o homem perguntou
ao governador:
— Que Deus lhe dê prosperidade! É
mesmo necessário que eu seja chicoteado?
O governador respondeu:
— Sim!
O homem disse:
— Por Deus que o que mais me dói é
que o povo do Iraque zombe de nós e ria às nossas custas dizendo: o
povo de Meca considera lícito o testemunho dos asnos!
Então o governador riu e o libertou.
Mamede Mustafa Jarouche (trad.), in Histórias para ler sem pressa
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