Faz muito tempo, eu gostava mesmo era da claridade. Aí fiquei amigo de um poeta. Mostrei-lhe meus textos. “Luz demais, luz demais”, ele reagiu com desgosto, como se seus olhos só gostassem da noite. “É preciso misturar um pouco de neblina e de sombra às suas palavras, é preciso borrar os contornos... Você não sabe que uma ideia clara faz parar a conversa, enquanto uma ideia mergulhada na sombra dá asas às palavras e a conversa não tem fim?”
Rubem Alves, in Do universo à jabuticaba
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