Certo
dia uma rica senhora viu, num antiquário, uma cadeira que era uma
beleza. Negra, feita de mogno e cedro, custava uma fortuna. Era,
porém, tão bela, que a mulher não titubeou – entrou, pagou,
levou para casa.
A
cadeira era tão bonita que os outros móveis, antes tão lindos,
começaram a parecer insuportáveis à simpática senhora. (Era
simpática).
Ela
então resolveu vender todos os móveis e comprar outros que pudessem
se equiparar à maravilhosa cadeira. E vendeu-os e comprou outros.
Mas,
então a casa que antes parecia tão bonita, ficou tão bem mobilada
que se estabeleceu uma desarmonia flagrante entre casa e móveis. E a
senhora começou a achar a casa horrível.
E
vendeu a casa e comprou uma outra maravilhosa.
Mas
dentro daquela casa magnífica, mobilada de maneira esplendorosa, a
mulher começou, pouco a pouco, a achar seu marido mesquinho. E
trocou de marido.
Mas
mesmo assim não conseguia ser feliz. Pois naquela casa magnífica,
com aqueles móveis admiráveis e aquele marido fabuloso, todo mundo
começou a achá-la extremamente vulgar.
Millôr
Fernandes, in Pif-Paf
Nenhum comentário:
Postar um comentário