Não
te aborreças, não desanimes, nem desistas se não fores bem
sucedido em tudo de acordo com os princípios corretos; mas quando
falhares, recomeça e dá-te por satisfeito se a maior parte do que
fazes é condizente com a condição de homem, e ama aquilo a que
voltas; não retornes à filosofia como se ela fosse um mestre, mas
como aqueles, que sofrendo dos olhos, recorrem à esponja e ao ovo,
co como os que aplicam cataplasma e compressas. Assim não deixarás
de obedecer à razão, mas te apoiarás nela. E pondera que a
filosofia quer apenas o que tua natureza quer, ao passo que tu
desejarias algo mais, em desacordo com a natureza. E que seria mais
atraente que isso? Mas essa não é a exata razão por que o prazer
nos engana? E medita-se se a magnanimidade, liberdade, simplicidade,
equanimidade, a piedade não são mais agradáveis. Com efeito, que é
mais agradável que a própria sabedoria, se se tem em mente a
clarividência e o sucesso que o entendimento e o conhecimento
proporcionam?
Marco
Aurélio, in Meditações
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