O
magnífico monumento inglês chamado Stonehenge ergue-se solitário
sobre a planície de Salisbury, ladeado por um estacionamento e uma
loja de presentes para turistas. É famoso por suas grandes pedras e
curiosa arquitetura: um círculo de pedras maciças e bem talhadas.
Em
1964, um astrônomo inglês, Gerald S. Hawkins, publicou seu tratado
- hoje famoso - sobre Stonehenge como computador astronômico. Seu
artigo, intitulado “Stonehenge: um computador neolítico”, foi
publicado no número 202 da prestigiada revista inglesa Nature. Em
1965, foi editado o famoso livro de Hawkins, Stonehenge decoded.
Hawkins
abalou o mundo arqueológico ao afirmar que o sítio megalítico não
era apenas um templo circular erguido por alguns reis egocêntricos,
mas um sofisticado computador para observação celeste.
Ele
inicia seu artigo da Nature com uma citação de Diodoro sobre a
Grã-Bretanha pré-histórica encontrada no livro de Diodoro, History
of the Ancient World, escrito por volta de 50 a.C.:
Vista
desta ilha, a Lua parece estar a uma pequena distância da Terra,
mostrando proeminências como as da Terra, que são visíveis a olho
nu. Diz-se que o deus [Lua?] visita a ilha a cada dezenove anos,
período no qual se completa o retorno das estrelas ao mesmo lugar no
céu. Há na ilha, ainda, tanto um magnífico local sagrado dedicado
a Apolo [Sol] como um templo notável [...] e os sacerdotes são
chamados boraedae, e a sucessão ao cargo permanece sempre nas mesmas
famílias.
A
teoria básica de Hawkins é que “Stonehenge era um observatório;
os imparciais cálculos matemáticos de probabilidade e a esfera
celeste estão do meu lado”. A proposição inicial era de que os
alinhamentos entre pares de pedras e outros tópicos, calculados em
computador a partir de plantas em escala reduzida, comparavam suas
direções com os azimutes do nascer e do pôr do sol e da lua, nos
solstícios e equinócios, calculados para o ano 1.500 a.C. Hawkins
afirma ter encontrado 32 alinhamentos “significativos”.
A
segunda proposição é que os 56 buracos de Aubrey eram usados como
“computador” (ou seja, marcas de totalização) para aprevisão
de movimentos da lua e dos eclipses, para os quais ele alega ter
estabelecido um “ciclo até hoje desconhecido de 56 anos com
irregularidade de 15%; e que o nascer da lua cheia mais próximo do
solstício de inverno sobre a Pedra do Calcanhar sempre predizia com
sucesso um eclipse. É interessante notar que não mais do que metade
desses eclipses era visível de Stonehenge”. Diz Hawkins em
Stonehenge decoded:
O
número 56 é de grande importância para Stonehenge por ser o número
de buracos de Aubrey dispostos à volta do círculo externo. Vistos
do centro, esses buracos situam-se em espaçamentos iguais de azimute
ao redor do horizonte, e, portanto, não podem marcar o Sol, a Lua ou
qualquer outro objeto celeste. Isso é confirmado pelas evidências
dos arqueólogos; os buracos abrigaram fogueiras e cremações de
corpos, mas nunca pedras. Bem, se os responsáveis por Stonehenge
desejavam dividir o círculo, por que não fizeram simplesmente 64
buracos valendo-se da bissecção de segmentos do círculo - 32,16,
8, 4 e 2 -? Acho que os buracos de Aubrey proporcionavam um sistema
de contagem de anos, um buraco para cada ano, para ajudar a prever os
movimentos da Lua. Talvez se fizessem cremações em um buraco de
Aubrey específico no decorrer do ano, ou talvez aquele buraco fosse
assinalado com uma pedra móvel.
Stonehenge
pode ser usado como uma máquina de cálculo digital [...] A pedra no
buraco 56 prevê o ano em que um eclipse do Sol ou da Lua irá
ocorrer no período de 15 dias por volta do meio do inverno - o mês
da Lua de inverno. Ela também irá prever eclipses para a Lua de
verão.
Os
críticos de Hawkins, as principais mentes acadêmicas de sua época,
debruçaram-se imediatamente sobre suas descobertas e puseram-se a
criticá-las. Em 1966, um artigo intitulado “Decodificador
equivocado?”, de R. J. Atkinson, astrônomo inglês, foi publicado
na Nature (volume 210, 1966), e criticava Hawkins por muitas de suas
declarações relativas à natureza de Stonehenge como computador
astronômico.
Disse
Atkinson acerca de Stonhenge decoded, de Hawkins:
É
tendencioso, arrogante, descuidado e pouco convincente, e pouco nos
ajuda a compreender melhor Stonehenge.
Os
cinco capítulos iniciais, sobre o pano de fundo legendário e
arqueológico, foram compilados sem senso crítico, e contêm vários
erros bizarros e interpretações estranhas. O resto do livro é uma
tentativa mal-sucedida de emprestar corpo à alegação do autor -
que “Stonehenge era um observatório; os imparciais cálculos
matemáticos de probabilidade e a esfera celeste estão do meu lado”.
De suas duas alegações principais, a primeira diz respeito a
alinhamentos entre pares de pedras e outros tópicos, calculados com
um computador a partir de plantas baixas em escala reduzida, pouco
adequados a esse propósito.
A
crítica mordaz de Atkinson em relação a Hawkins é reveladora,
pois mostra como os acadêmicos já estabelecidos podem ser
resistentes a novas ideias. A relutância de Atkinson em acreditar
que Stonehenge era um tipo de computador astronômico provavelmente
se deve à crença popular de que o homem antigo simplesmente não
vivia um estágio civilizacional que lhe permitisse dedicar-se a
temas intelectuais superiores.
Mas
esses críticos não são mais ouvidos, e parece não haver dúvidas,
mesmo por parte dos arqueólogos mais conservadores, de que
Stonehenge é um tipo de templo astronômico. Diversas verdades
astronômicas simples podem ser discernidas em Stonehenge. Por
exemplo: há 29,53 dias entre as luas cheias, e há 29,5 monólitos
no círculo exterior de Sarsen.
Dezenove
das imensas “pedras azuis” encontram-se na ferradura interior,
com diversas explicações e usos possíveis. Há um período de
quase dezenove anos entre os pontos extremos do nascer e do pôr da
lua. Além disso, se uma lua cheia ocorre em um dia específico do
ano, digamos no solstício de verão, faltarão dezenove anos até
outra lua cheia ocorrer no mesmo dia do ano. Finalmente, há dezenove
anos de eclipses (ou 223 luas cheias) entre eclipses similares, tais
como o eclipse que ocorre quando o Sol, a Lua e a Terra retornam às
mesmas posições relativas. As posições dos outros planetas variam
em ciclos ainda mais longos.
Sugere-se
ainda que os cinco grandes arcos de trílitos representam os cinco
planetas visíveis a olho nu: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e
Saturno.
O
escritor inglês especializado em antiguidades, John Ivimy, faz uma
espantosa sugestão no final de seu popular livro sobre Stonehenge,
The Aphinx and the megaliths. Ele passa a maior parte do livro
tentando provar a tese de que Stonehenge foi construído por um
punhado de aventureiros egípcios que foram enviados às ilhas
Britânicas para estabelecer uma série de sítios astronômicos em
latitudes mais elevadas, a fim de poderem prever com precisão
eclipses solares, algo que os observatórios egípcios não podiam
fazer, pois estavam próximos demais do equador.
Ivimy
apresenta evidências como a construção megalítica, os cortes em
“L” nos gigantescos blocos de pedra, o óbvio propósito
astronômico e, acima de tudo, o uso de um sistema numérico baseado
no número seis, e não no dez, como usamos hoje. Ivimy mostra que os
egípcios usavam um sistema numérico baseado no número seis, e que
o mesmo sistema foi empregado em Stonehenge. Posteriormente, sugere
que os mórmons usam um sistema numérico com base no número seis
para construírem seus templos, especialmente o grande templo de Salt
Lake City.
No
fim, a tese de Ivimy é bastante controvertida: ele acredita que
Brigham Young e os primeiros povoadores mórmons de Utah são a
reencarnação do mesmo grupo de pioneiros egípcios enviados à
Inglaterra para construir Stonehenge. Diz Ivimy:
Sempre
se fez referência ao grande domo de madeira, feito totalmente sem
metal, que cobre o Tabernáculo Mórmon. Será que sua construção
foi inspirada em uma pálida recordação do modo como as mesmas
pessoas, em uma encarnação vivida alguns séculos antes, usaram um
domo para cobrir aquele que depois se tornou o Templo de Apolo
Hiperbóreo?
É
fascinante a ideia de que os egípcios teriam ido à Inglaterra para
construir um observatório megalítico com o intuito de prever
eclipses lunares com precisão. Há registros de que, em 2.000 a.C.,
aproximadamente, um imperador chinês mandou executar seus dois
principais astrônomos por deixarem de prever um eclipse solar. Um
dos proponentes da teoria dos astronautas da Antiguidade, Raymond
Drake, pergunta: “Será que hoje algum soberano ligaria para isso?”
Egípcios, chineses, maias e muitas outras culturas antigas tinham
obsessão por eclipses e por outros fenômenos planetários e
solares. Acredita-se que associavam catástrofes, inclusive o
afundamento da Atlântida, a movimentos planetários e eclipses.
Talvez os antigos egípcios, maias e outros povos imaginassem poder
prever o próximo cataclismo acompanhando os eclipses lunares e as
posições dos planetas em relação à Terra.
Heródoto
escreveu sobre cataclismos e astronomia no antigo Egito em seu Livro
Dois, capítulo 142:
[...]
Até agora os egípcios e seus sacerdotes contaram a história. E
mostraram que já existiram 341 gerações de homens desde o primeiro
rei até este último, o sacerdote de Hephaestus [...] Bem, em todo
esse tempo, 11.340 anos, disseram que o Sol se afastou de seu caminho
correto em quatro ocasiões; e nasceu onde hoje se põe, e se pôs
onde hoje nasce; mas nada no Egito foi alterado com isso, nem no que
concerne ao rio ou aos frutos da terra, nem no que concerne às
doenças ou à morte.
Se
Heródoto merece crédito, então a Terra deslocou-se ao redor de seu
eixo, o que hoje chamamos de deslocamento polar. Com isso, o sol
parece nascer em uma direção diferente da normal. Os deslocamentos
polares são acompanhados de uma ampla gama de mudanças na terra e
de severos fenômenos climáticos. Portanto, se os egípcios estavam
familiarizados com esse tipo de ocorrência, e não tinham sido muito
afetados pelos cataclismos, é possível que tenham se esforçado
para aprimorar seus conhecimentos astronômicos, incluindo-se aí a
colonização da Inglaterra e a construção de Stonehenge.
Com
efeito, as magistrais mentes megalíticas colonizaram praticamente
todo o planeta, do Egito à Inglaterra, Américas, Ilha de Páscoa e
Tonga. Há megálitos em lugares remotos como a Manchúria, as
Filipinas, a Mongólia e as colinas Assam, no nordeste da índia.
Houve época em que essas mentes magistrais estiveram por toda parte.
Mas que tecnologia esses mestres construtores utilizavam?
David
Hatcher Childres, in A Incrível Tecnologia dos Antigos
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