sábado, 4 de abril de 2020

O maior computador do mundo


O magnífico monumento inglês chamado Stonehenge ergue-se solitário sobre a planície de Salisbury, ladeado por um estacionamento e uma loja de presentes para turistas. É famoso por suas grandes pedras e curiosa arquitetura: um círculo de pedras maciças e bem talhadas.
Em 1964, um astrônomo inglês, Gerald S. Hawkins, publicou seu tratado - hoje famoso - sobre Stonehenge como computador astronômico. Seu artigo, intitulado “Stonehenge: um computador neolítico”, foi publicado no número 202 da prestigiada revista inglesa Nature. Em 1965, foi editado o famoso livro de Hawkins, Stonehenge decoded.
Hawkins abalou o mundo arqueológico ao afirmar que o sítio megalítico não era apenas um templo circular erguido por alguns reis egocêntricos, mas um sofisticado computador para observação celeste.
Ele inicia seu artigo da Nature com uma citação de Diodoro sobre a Grã-Bretanha pré-histórica encontrada no livro de Diodoro, History of the Ancient World, escrito por volta de 50 a.C.:
Vista desta ilha, a Lua parece estar a uma pequena distância da Terra, mostrando proeminências como as da Terra, que são visíveis a olho nu. Diz-se que o deus [Lua?] visita a ilha a cada dezenove anos, período no qual se completa o retorno das estrelas ao mesmo lugar no céu. Há na ilha, ainda, tanto um magnífico local sagrado dedicado a Apolo [Sol] como um templo notável [...] e os sacerdotes são chamados boraedae, e a sucessão ao cargo permanece sempre nas mesmas famílias.
A teoria básica de Hawkins é que “Stonehenge era um observatório; os imparciais cálculos matemáticos de probabilidade e a esfera celeste estão do meu lado”. A proposição inicial era de que os alinhamentos entre pares de pedras e outros tópicos, calculados em computador a partir de plantas em escala reduzida, comparavam suas direções com os azimutes do nascer e do pôr do sol e da lua, nos solstícios e equinócios, calculados para o ano 1.500 a.C. Hawkins afirma ter encontrado 32 alinhamentos “significativos”.
A segunda proposição é que os 56 buracos de Aubrey eram usados como “computador” (ou seja, marcas de totalização) para aprevisão de movimentos da lua e dos eclipses, para os quais ele alega ter estabelecido um “ciclo até hoje desconhecido de 56 anos com irregularidade de 15%; e que o nascer da lua cheia mais próximo do solstício de inverno sobre a Pedra do Calcanhar sempre predizia com sucesso um eclipse. É interessante notar que não mais do que metade desses eclipses era visível de Stonehenge”. Diz Hawkins em Stonehenge decoded:
O número 56 é de grande importância para Stonehenge por ser o número de buracos de Aubrey dispostos à volta do círculo externo. Vistos do centro, esses buracos situam-se em espaçamentos iguais de azimute ao redor do horizonte, e, portanto, não podem marcar o Sol, a Lua ou qualquer outro objeto celeste. Isso é confirmado pelas evidências dos arqueólogos; os buracos abrigaram fogueiras e cremações de corpos, mas nunca pedras. Bem, se os responsáveis por Stonehenge desejavam dividir o círculo, por que não fizeram simplesmente 64 buracos valendo-se da bissecção de segmentos do círculo - 32,16, 8, 4 e 2 -? Acho que os buracos de Aubrey proporcionavam um sistema de contagem de anos, um buraco para cada ano, para ajudar a prever os movimentos da Lua. Talvez se fizessem cremações em um buraco de Aubrey específico no decorrer do ano, ou talvez aquele buraco fosse assinalado com uma pedra móvel.
Stonehenge pode ser usado como uma máquina de cálculo digital [...] A pedra no buraco 56 prevê o ano em que um eclipse do Sol ou da Lua irá ocorrer no período de 15 dias por volta do meio do inverno - o mês da Lua de inverno. Ela também irá prever eclipses para a Lua de verão.
Os críticos de Hawkins, as principais mentes acadêmicas de sua época, debruçaram-se imediatamente sobre suas descobertas e puseram-se a criticá-las. Em 1966, um artigo intitulado “Decodificador equivocado?”, de R. J. Atkinson, astrônomo inglês, foi publicado na Nature (volume 210, 1966), e criticava Hawkins por muitas de suas declarações relativas à natureza de Stonehenge como computador astronômico.
Disse Atkinson acerca de Stonhenge decoded, de Hawkins:
É tendencioso, arrogante, descuidado e pouco convincente, e pouco nos ajuda a compreender melhor Stonehenge.
Os cinco capítulos iniciais, sobre o pano de fundo legendário e arqueológico, foram compilados sem senso crítico, e contêm vários erros bizarros e interpretações estranhas. O resto do livro é uma tentativa mal-sucedida de emprestar corpo à alegação do autor - que “Stonehenge era um observatório; os imparciais cálculos matemáticos de probabilidade e a esfera celeste estão do meu lado”. De suas duas alegações principais, a primeira diz respeito a alinhamentos entre pares de pedras e outros tópicos, calculados com um computador a partir de plantas baixas em escala reduzida, pouco adequados a esse propósito.
A crítica mordaz de Atkinson em relação a Hawkins é reveladora, pois mostra como os acadêmicos já estabelecidos podem ser resistentes a novas ideias. A relutância de Atkinson em acreditar que Stonehenge era um tipo de computador astronômico provavelmente se deve à crença popular de que o homem antigo simplesmente não vivia um estágio civilizacional que lhe permitisse dedicar-se a temas intelectuais superiores.
Mas esses críticos não são mais ouvidos, e parece não haver dúvidas, mesmo por parte dos arqueólogos mais conservadores, de que Stonehenge é um tipo de templo astronômico. Diversas verdades astronômicas simples podem ser discernidas em Stonehenge. Por exemplo: há 29,53 dias entre as luas cheias, e há 29,5 monólitos no círculo exterior de Sarsen.
Dezenove das imensas “pedras azuis” encontram-se na ferradura interior, com diversas explicações e usos possíveis. Há um período de quase dezenove anos entre os pontos extremos do nascer e do pôr da lua. Além disso, se uma lua cheia ocorre em um dia específico do ano, digamos no solstício de verão, faltarão dezenove anos até outra lua cheia ocorrer no mesmo dia do ano. Finalmente, há dezenove anos de eclipses (ou 223 luas cheias) entre eclipses similares, tais como o eclipse que ocorre quando o Sol, a Lua e a Terra retornam às mesmas posições relativas. As posições dos outros planetas variam em ciclos ainda mais longos.
Sugere-se ainda que os cinco grandes arcos de trílitos representam os cinco planetas visíveis a olho nu: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno.
O escritor inglês especializado em antiguidades, John Ivimy, faz uma espantosa sugestão no final de seu popular livro sobre Stonehenge, The Aphinx and the megaliths. Ele passa a maior parte do livro tentando provar a tese de que Stonehenge foi construído por um punhado de aventureiros egípcios que foram enviados às ilhas Britânicas para estabelecer uma série de sítios astronômicos em latitudes mais elevadas, a fim de poderem prever com precisão eclipses solares, algo que os observatórios egípcios não podiam fazer, pois estavam próximos demais do equador.
Ivimy apresenta evidências como a construção megalítica, os cortes em “L” nos gigantescos blocos de pedra, o óbvio propósito astronômico e, acima de tudo, o uso de um sistema numérico baseado no número seis, e não no dez, como usamos hoje. Ivimy mostra que os egípcios usavam um sistema numérico baseado no número seis, e que o mesmo sistema foi empregado em Stonehenge. Posteriormente, sugere que os mórmons usam um sistema numérico com base no número seis para construírem seus templos, especialmente o grande templo de Salt Lake City.
No fim, a tese de Ivimy é bastante controvertida: ele acredita que Brigham Young e os primeiros povoadores mórmons de Utah são a reencarnação do mesmo grupo de pioneiros egípcios enviados à Inglaterra para construir Stonehenge. Diz Ivimy:
Sempre se fez referência ao grande domo de madeira, feito totalmente sem metal, que cobre o Tabernáculo Mórmon. Será que sua construção foi inspirada em uma pálida recordação do modo como as mesmas pessoas, em uma encarnação vivida alguns séculos antes, usaram um domo para cobrir aquele que depois se tornou o Templo de Apolo Hiperbóreo?
É fascinante a ideia de que os egípcios teriam ido à Inglaterra para construir um observatório megalítico com o intuito de prever eclipses lunares com precisão. Há registros de que, em 2.000 a.C., aproximadamente, um imperador chinês mandou executar seus dois principais astrônomos por deixarem de prever um eclipse solar. Um dos proponentes da teoria dos astronautas da Antiguidade, Raymond Drake, pergunta: “Será que hoje algum soberano ligaria para isso?” Egípcios, chineses, maias e muitas outras culturas antigas tinham obsessão por eclipses e por outros fenômenos planetários e solares. Acredita-se que associavam catástrofes, inclusive o afundamento da Atlântida, a movimentos planetários e eclipses. Talvez os antigos egípcios, maias e outros povos imaginassem poder prever o próximo cataclismo acompanhando os eclipses lunares e as posições dos planetas em relação à Terra.
Heródoto escreveu sobre cataclismos e astronomia no antigo Egito em seu Livro Dois, capítulo 142:
[...] Até agora os egípcios e seus sacerdotes contaram a história. E mostraram que já existiram 341 gerações de homens desde o primeiro rei até este último, o sacerdote de Hephaestus [...] Bem, em todo esse tempo, 11.340 anos, disseram que o Sol se afastou de seu caminho correto em quatro ocasiões; e nasceu onde hoje se põe, e se pôs onde hoje nasce; mas nada no Egito foi alterado com isso, nem no que concerne ao rio ou aos frutos da terra, nem no que concerne às doenças ou à morte.
Se Heródoto merece crédito, então a Terra deslocou-se ao redor de seu eixo, o que hoje chamamos de deslocamento polar. Com isso, o sol parece nascer em uma direção diferente da normal. Os deslocamentos polares são acompanhados de uma ampla gama de mudanças na terra e de severos fenômenos climáticos. Portanto, se os egípcios estavam familiarizados com esse tipo de ocorrência, e não tinham sido muito afetados pelos cataclismos, é possível que tenham se esforçado para aprimorar seus conhecimentos astronômicos, incluindo-se aí a colonização da Inglaterra e a construção de Stonehenge.
Com efeito, as magistrais mentes megalíticas colonizaram praticamente todo o planeta, do Egito à Inglaterra, Américas, Ilha de Páscoa e Tonga. Há megálitos em lugares remotos como a Manchúria, as Filipinas, a Mongólia e as colinas Assam, no nordeste da índia. Houve época em que essas mentes magistrais estiveram por toda parte. Mas que tecnologia esses mestres construtores utilizavam?
David Hatcher Childres, in A Incrível Tecnologia dos Antigos

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