Para
isto se escrevem as cartas de amor. Não para dar notícias, não
para contar nada, não para repetir as coisas por demais sabidas, mas
para que mãos separadas se toquem, ao tocarem a mesma folha de
papel.
Quem
quer que tente entender uma carta de amor pela análise da escritura
estará sempre fora de lugar, pois o que ela contém é o que não
está ali, o que está ausente. Qualquer carta de amor, não importa
o que se encontre nela escrito, só fala do desejo, da dor da
ausência e da nostalgia pelo reencontro.
Uma
carta de amor é um papel que liga duas solidões. A carta de amor é
o objeto que o amante faz para tornar suportável o seu abandono.
Rubem
Alves, in Do
universo à jabuticaba
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