Eis-me
enfermo
apenas
de ter corpo,
exausto
de
me ausentar da alma.
Eis-me,
sem poema,
sem
asa e sem palavra.
Eu,
que
já fui gente,
agora,
já
nem de mim sou parente.
Que
cura posso ter
se
o amor
foi
em mim
a
mais doce doença?
Alguns
dizem:
basta-me
um navio
e
todo o mar se torna meu.
Outros
dizem:
uma
garça
e
o céu desaba em minha mão.
A
mim,
nem
mar nem céu
me
devolvem garça ou navio.
Da
flor não disputei
nem
perfume nem pétala.
O
pólen, sim,
atapetou
o chão deste poema.
Mia
Couto
Nenhum comentário:
Postar um comentário