Quase
fui médico.
Cedo
acreditei
ter
inclinação.
Aconteceu,
em menino,
frente
aos compêndios escolares.
Fascinava-me,
no
humano corpo,
o
vocabulário em flor:
o
suco gástrico,
o
bolo alimentar,
o
trânsito intestinal,
as
papilas gustativas.
Ante
o meu prematuro pasmo,
a
professora vaticinou: vai ser médico!
Em
casa, porém,
meu
pai diagnosticou diverso:
não
era a anatomia que me atraía.
Eu
apenas amava as palavras.
Meu
pai adivinhava.
E
eu, de poesia, adoecia.
Mia
Couto
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