sábado, 18 de janeiro de 2020

Da ignorância do bem e do mal

De manhã cedo dize logo a ti mesmo: encontrarei um indiscreto, um ingrato, um arrogante, um trapaceiro, um invejoso, um egoísta. Tudo isso lhes advém da ignorância do bem e do mal. Mas eu, tendo reconhecido que a natureza do bem é a virtude e a do mal é o vício e que o pecador é por natureza meu parente, não do mesmo sangue ou semente mas pela inteligência e, por participar de uma parcela da divindade, não posso sequer considerar-me ultrajado por qualquer um deles: nenhum deles me contaminaria com o vício; não posso tampouco irritar-me contra meu parente nem odiá-lo, pois fomos feitos para cooperar, como os pés, como as mãos, como as pálpebras, como as fileiras superior e inferior dos dentes. Agir como adversário é então contra a natureza; e é ser adversário irritar-se com os outros e evitá-los.”
Marco Aurélio, in Meditações

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