Ora o pássaro careceu de fazer
necessidade, fez e o herói ficou escorrendo sujeira de urubu. Já
era de madrugadinha e o tempo estava inteiramente frio. Macunaíma
acordou tremendo, todo lambuzado. Assim mesmo examinou bem a pedra
mirim da ilhota para vê si não havia alguma cova com dinheiro
enterrado. Não havia não. Nem a correntinha encantada de prata que
indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia só as formigas
jaquitaguas ruivinhas.
Então passou Caiuanogue, a estrela da
manhã. Macunaíma já meio enjoado de tanto viver pediu pra ela que
o carregasse pro céu.
Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito.
Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito.
—Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se
embora.
Assim nasceu a expressão “Vá tomar
banho” que os brasileiros empregam se referindo a certos imigrantes
europeus.
Mário de Andrade, in
Macunaíma: o herói
sem nenhum caráter
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