terça-feira, 3 de setembro de 2019

Micose na pele do tempo (segundo monólogo interior de Lili Maconha)

Há tempos o faquir polia as pontas dos pregos
com areia do Mojave.

Há tempos e dimensões perdidas
apenas esperando o momento certo da conexão.

Há o tempo lá fora, chuva de granizo,
fagulhas de fogos de artifício
e brumas que se movem.

Há o tempo dos estalidos distantes das estrelas.

E há o tempo do Aqui, esse templo da linguagem
que se enrola em frases-serpentes
enquanto escrevo

e que talvez continue traçando sinuosidades
muito tempo depois.

Mas de tempos em tempos
alguém estoura os miolos, alguém explode uma aeronave
alguém fecha o livro

e não o abre nunca mais.
Ademir Assunção

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