— As
coisas não são o que são, mas também não são o que não são —
disse o professor suíço ao estudante brasileiro.
— Então,
que são as coisas? — inquiriu o estudante.
— As
coisas simplesmente não.
— Sem
verbo?
— Claro
que sem verbo. O verbo não é coisa.
— E
que quer dizer coisas não?
— Quer
dizer o não das coisas, se você for suficientemente atilado para
percebê-lo.
— Então
as coisas não têm um sim?
— O
sim das coisas é o não. E o não é sem coisa. Portanto, coisa e
não são a mesma coisa, ou o mesmo não.
O
professor tirou do bolso uma não barra de chocolate e comeu um
pedacinho, sem oferecer outro ao aluno, porque o chocolate era não.
Carlos
Drummond de Andrade, in Contos plausíveis
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