— Juro
nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores.
Acrescentou:
— Álcool.
O
mais, ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom
Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos
fins de semana, embebedava-se de Índia reclinada, de Celso
Antônio.
— Curou-se
cem por cento do vício — comentavam os amigos.
Só
ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo
abstrato, no meio de uma carraspana de pôr de sol no Leblon, e seu
féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.
Carlos
Drummond de Andrade, in Contos plausíveis
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